Metropóles
Um assalto cinematográfico chamou a atenção tantos pelos valores, como pela ação dos criminosos, em Ciudad del Este, no Paraguai, na fronteira com Foz do Iguaçu (PR). O roubo aconteceu na Associação dos Trabalhadores de Câmbio (ACT) e foram levados US$ 16 milhões, que correspondem a cerca de R$ 80 milhões.




A sede da Associação dos Trabalhadores em Câmbio (ATC), está localizada na Avenida Monsenhor Rodrigues, no centro de Ciudad del Este. O caso foi denunciado assim que os primeiros cambistas chegaram para trabalhar, não conseguiram abrir a porta e tiveram que chamar um serralheiro. Quando entraram, descobriram que o cofre, onde eram guardadas as bolsas, tinha sido arrombado.
Para chegar ao cofre do local, os criminosos escavaram um túnel de aproximadamente 180 metros e fizeram um buraco de 70 cm de diâmetro para entrar na Associação. De acordo com a polícia do Paraguai, o grupo criminoso usou até material acústico para evitar ruídos.
Os assaltantes conseguiram furtar o dinheiro de, ao menos, 180 cambistas. Até o momento não há o valor exato do dinheiro que eles levaram, porque cada cambista tinha uma quantia diferente de dinheiro, mas um dos associados disse à Polícia Nacional, que perdeu em torno de G$ 300 milhões, o equivalente a R$ 200 mil, na cotação de hoje.
Participação de brasileiros
De acordo com autoridades paraguaia, a Polícia Federal do Brasil se uniu às investigações para apurar se houve participação de facções criminosas brasileiras no crime, especialmente o PCC (Primeiro Comando da Capital).
A suspeita é de que o furto milionário tenha ocorrido durante o final de semana, em razão do feriado de San Blas, o padroeiro de Ciudad Del Este. No início da madrugada de sábado, aconteceram dois ataques a transformadores, e a região ficou sem energia elétrica durante algumas horas.
O crime, no entanto, só foi descoberto na segunda-feira (5/2), quando os doleiros chegaram à associação. As vítimas encontraram as bolsas que estavam guardadas em cofres jogadas no chão e vazias.
Ainda de acordo com as autoridades, os criminosos usaram macacos hidráulicos, equipamentos de perfuração, inibidores de sinal e sensores de movimento. Policiais paraguaios entraram no túnel para fazer uma perícia, mas suspenderam os trabalhos porque encontraram vários explosivos.
Semelhanças
Em agosto de 2005, ladrões ligados ao PCC levaram R$ 164 milhões do Banco Central de Fortaleza, no Ceará. De forma semelhante, a quadrilha chegou ao cofre após cavar um túnel de 80 m de comprimento, 70 cm largura e 4 m de profundidade.
O bando do PCC alugou uma casa na capital cearense, onde montou uma empresa de fachada para não levantar suspeitas. O buraco começou a ser feito na residência, e a terra retirada era era colocada em sacos e deixada em um dos cômodos do imóvel. Os ladrões acabaram presos, julgados e condenados.
Em julho de 2014, foi encontrado um megatúnel de 350 metros de extensão em Ciudad del Este. O buraco tinha sistema telefônico, trilho para um carrinho transportar dinheiro e até cilindros de oxigênio. O túnel ficava a cerca de 300 metros da empresa de valores Prosegur. O furto não foi concretizado. Seis paraguaios foram presos na ocasião e um brasileiro fugiu. A PF investigou a participação do PCC.